Já conversamos bastante sobre Pilates para gestantes e como é a nossa conduta para montar aulas seguras para essas pilateiras especiais. Então hoje o assunto será o pós-parto. Mais uma vez ressaltamos que é essencial a liberação médica para a mamãe retomar as atividades físicas e esse aval pode vir a partir de 15 dias para as mulheres que tiveram um parto normal e estão saudáveis. Porém, sabemos que não é fácil conseguir engrenar novamente nos exercícios, já que agora a rotina da mãe depende do que o seu mestre manda, neste caso, um lindo bebê.
As alterações químicas e físicas sofridas durante a gestação ainda deixam rastros por algum tempo. Por isso, nada de querer ir com sede ao pote, a saúde continua vindo em primeiro lugar. O recomeço deve ser lento e respeitando as mudanças que aconteceram e as que estão acontecendo. O início deve ser semelhante ao trabalho que estava sendo feito durante a gestação, com foco no Power House, muito trabalho de períneo e moderação nos pesos e complexidade dos exercícios.
O períneo sofreu uma sobrecarga, a musculatura abdominal foi distendida ou até cortada nas cesarianas, a pélvis alargou. Atividades como segurar o bebê no colo, amamentar e dar banho propiciam posturas ruins. Por isso tudo e muito mais, o instrutor pode dar orientações posturais à aluna desde antes da chegada do pilateirinho.
É comum vermos as mães jogando a bacia para frente quando estão em pé com o filho no colo, na tentativa de reduzir o esforço. O correto é continuar com aquele pensamento de crescimento axial e contração do Power House. Desta forma, concentrando a carga nos músculos e evitando sobrecarga na coluna.
A amamentação infelizmente é um grande desafio para muitas mulheres, o que poderia ser evitado com a orientação sobre a correta posição do bebê para evitar dores, rachaduras e até sangramentos nos mamilos. O bebê nasce sabendo sugar, porém é a mãe que deve posicionar a ‘’pega no seio’’. No início não é tão fácil e nem tão automático, mas saber como agir faz toda a diferença. Recomende à sua aluna marcar uma consulta pré-natal com o pediatra e se informe dos cuidados do aleitamento. Neste ato tão bonito também observamos várias compensações, especialmente a tensão e elevação dos ombros da mulher ao sustentar o filho. Por isso é importante repetir e repetir durante as aulas das barrigudas e também das mamães que estão voltando à atividade: ombros para baixo e para trás. Não esqueça de orientá-las a fazer o mesmo em casa.
A hora do banho pode ser um momento de relaxamento para muitos bebês, mas nem tanto para as mães, que tem que se curvar sobre a banheira e fazer alguns malabarismos para cumprir a missão. E quando vemos, a pessoa está com o tronco torto e ombros lá nas orelhas. É preciso que a mãe tenha consciência de seu corpo e proteja a sua coluna, fazendo uma leve flexão dos joelhos e inclinando o tronco para frente com o abdome ativo, evitando se curvar demais, jogando assim a força para a musculatura da coxa e glúteos, além de controlar a tensão dos ombros e pescoço. Os pés podem estar paralelos ou um à frente e ir alternando a posição. O importante é que haja segurança.
Não para por aí, em todas essas situações há uma forte tendência de anteriorizar a cabeça para ficar olhando o bebê. Ok, um pouco e de vez em quando é mais que aceitável, mas é bom que as mulheres saibam controlar os excessos para não maltratar tanto assim a cervical e piorar a sua posição que já estava alterada desde a gravidez. Todos esses movimentos faltosos de postura são naturais e automáticos. Nosso papel é justamente repetir incansavelmente as orientações para que se fixem em nossas alunas e para que elas possam, assim, mudar o padrão.
Pilates é em primeiro lugar saúde, os resultados estéticos são uma (bela) consequência.
Monique Ayala
Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates.
Crefito-2 69066-F
Hellen Morita
Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates.
Crefito-2 76136-F